domingo, 5 de agosto de 2007

Os Goliados


C’os diabos, ontem à noite fui ver um concerto de um grupo que chama “Os Goliados”, que como diria um bom e típico americano foi completamente “amazing”, este concerto estava inserido no “ciclo três culturas”, no claustro convento dos capuchos, na Caparica, é um local de uma incrível simplicidade, mas ao mesmo tempo muito acolhedor.

A música conseguida por este grupo é uma junção de vários estilos de música medieval produzidos pelas três religiões que se encontravam na Península Ibérica, Música muçulmana, judia–serfadita e cristã–medieval.
Além da música que se mostrou completamente hipnótica e fascinante, consegui tomar contacto com instrumentos musicais árabes, que para mim apresentaram-se completamente novos, desde o som que nos reporta para lugares misteriosos e longínquos, como pelo próprio desenho dos objectos sinuosos e alguns deles extremamente decorados que me fizeram tecer uma ligação a tapetes árabes.
Tive também a oportunidade de provar algumas iguarias da doçaria árabe acompanhado por chá verde com hortelã.
É pena estes ciclos de “música do mundo” sejam tão pouco divulgados no nosso país, quando estes concertos são de tão boa qualidade e com preços bastante apelativos.
Nos dias que se seguem vão estar a actuar grupos como SAMARCANDA, um espectáculo de música do Médio Oriente e Mediterrâneo, no dia 10 de Agosto pelas 21:30, e no dia 11 de Agosto pelas 22h00, será a vez de ALMAKAM ENSEMBLE, um espectáculo de música do Magrebe e do Médio Oriente.

Deixo-vos uma letra de uma das músicas ontem tocadas que conta as peripécias de homem ao qual o pé ardia.



Miragres Fremosos
[Esta é como Santa Maria fez cobrar seu pee ao ome que o tallara con coyta de door.]

Miragres fremosos
faz por nos Santa Maria,
e maravillosos.

Fremosos miragres faz que en Deus creamos,
e maravillosos, por que o mais temamos;
porend' un daquestes é ben que vos digamos,
dos mais piadosos.
Miragres fremosos...

Est' avo na terra que chaman Berria,
dun ome coytado a que o pe ardia,
e na ssa eigreja ant' o altar jazia
ent' outros coitosos.
Miragres fremosos...

Aquel mal do fogo atanto o coytava,
que con coita dele o pe tallar mandava;
e depois eno conto dos çopos ficava,
desses mais astrosos,
Miragres fremosos...

Pero con tod' esto sempr' ele confiando
en Santa Maria e mercee chamando
que dos seus miragres en el fosse mostrando
non dos vagarosos,
Miragres fremosos...

E dizendo: «Ay, Virgen, tu que es escudo
sempre dos coitados, queras que acorrudo
seja per ti; se non, serei oi mais tudo
por dos mais nojosos.
Miragres fremosos...

Logo a Santa Virgen a el en dormindo
per aquel pe a mão yndo e vindo
trouxe muitas vezes, e de carne conprindo
con dedos nerviosos,
Miragres fremosos...

E quando s' espertou, sentiu-sse mui ben são,
e catou o pe; e pois foi del ben certão,
non semellou log', andando per esse chão,
dos mais preguiçosos.
Miragres f remosos...

Quantos aquest' oyron, log' ab veron
e aa Virgen santa graças ende deron,
e os seus miragres ontr' os outros teveron
por mais groriosos.
Miragres fremosos..

1 comentário:

Filipa disse...

muito interessante.

tenho realmente imensa pena de nao ter ido.

bom post.